Acuados, professores
carmenses pedem socorro
“A situação ganhou
contornos dramáticos e da forma em que está não dá mais para continuar”. Esta
frase dita por uma das organizadoras do movimento dos professores retrata bem o
drama hoje vivenciado por todos os profissionais da educação em Carmo do Paranaíba,
situação que não é diferente do restante do país, quando se trata da falta de
segurança para trabalhar. O pior de tudo isso é que a ameaça está dentro da
escola, com menores infratores transvestidos de alunos.
Diante esta situação
caótica, um grupo de professores da rede estadual de ensino de Carmo do
Paranaíba fez uma paraliSação no último dia 16, percorrendo as ruas centrais da
cidade como forma de levar este problema ao conhecimento e chamar a atenção da
população.
Os professores reclamam
que estão abandonados pelas autoridades e não têm mais onde recorrer. “Estamos
todas trabalhando sob pressão, muitas vezes até com ameaças de morte por parte
desses alunos e até mesmo de seus próprios pais. Não fomos preparados para
lidar com este tipo de situação. Aprendemos na faculdade a ensinar, e não lidar
com a delinquência juvenil”, relata uma professora que prefere ficar no
anonimato com medo de represálias.
Os professores reclamam
que em todas as escolas existe um grupo que está ali apenas para tumultuar,
agredir e falar palavras de baixo calão. “Não são muitos, apenas grupos. Mas
todos sabem que uma laranja podre contamina toda uma caixa. Mas eles são
extremamente violentos, não tem o mínimo pudor e só sabem falar sobre sexo e
drogas. Como você, pai de família, pessoa do bem, vai se sentir sabendo que seu
filho está convivendo com este tipo de gente? Os que querem aprender, realmente
estão ali para estudarem, são os mais prejudicados e, assim como nós, estão
acuados”, relata outro professor.
Em pouco tempo conversando
com os professores realmente é possível se escandalizar com as histórias
contadas. São meninas de 13, 14 anos fazendo apologia ao sexo e as drogas, se
agridem com frequência, sendo necessária até mesmo a intervenção policial.
Quando os casos são relatados aos pais, alguns deles saem em defesa dos filhos
e, ao contrário de tentar educá-los, corrigindo-os, preferem transferir
de forma agressiva a responsabilidade aos professores. Simplesmente lavam as
mãos e transferem o problema para toda a sociedade.
A liberdade dada aos
cidadãos, o chamado direito sem que haja preocupação com os deveres, foi
criando esta situação. As escolas em todo o país são obrigadas a conviverem com
adolescentes em conflito com a lei, encaminhados pela Vara da Infância e
Juventude. São jovens que cometem atos infracionais – entre eles, crimes graves
– e que, além de cumprir medidas socioeducativas, são matriculados nas escolas
regulares por determinação do Juizado de Menores.
Recentemente em
Patrocínio, houve uma confusão generalizada em uma determinada escola, quando
os alunos praticamente destruíram o educandário, agredindo vários professores.
A confusão só terminou com a intervenção policial. Toda a sociedade se revoltou
com o episódio, fazendo com que a justiça e o ministério público se
sensibilizassem e enviassem a principal líder da confusão para internação em
uma instituição socioeducativa.
Os professores de Carmo do
Paranaíba acreditam que por não estarem preparados para receber este tipo de
aluno, eles, bem como seus pais, deveriam sim é ser acompanhados por uma equipe
multiciplinar, com psicólogos e até mesmo psiquiatras, e as escolas não têm
estrutura para isso. “Hoje temos um importante apoio da Polícia Militar, que em
última instância é o nosso porto seguro. Vamos continuar buscando este mesmo
apoio em outras instituições, principalmente junto à justiça e o Ministério Público. Acreditamos que toda a sociedade está ao nosso lado nesta luta, pois
ela acaba sendo a mais prejudicada. Então, assim que tivermos o apoio do poder
público em todas as suas instâncias, poderemos pelo menos ter a esperança de que algo
possa melhorar”, resumiu uma participante."
Nota da Redação: "Não vou
falar em saudosismo, de quando éramos jovens estudantes e tínhamos não só
respeito, mas verdadeiro amor pelos nossos professores. Professores estes que
ficaram em nossas memórias, pois se hoje somos homens formados, respeitadores
da lei e das diretrizes que regem uma sociedade de bem, muito disso é devemos a
eles.
O fato é que
estamos perdendo a batalha. As minorias estão tendo mais direito, podem tudo,
fazem o que querem e o estado fecha os olhos para isso. Há anos, quando um
pastor evangélico chutou a imagem de uma Santa, o país ficou estarrecido. O
assunto foi pauta nos principais veículos de comunicação por semanas. Agora, na
última chamada “parada gay”, um demente faz chacota com o principal símbolo do
cristianismo, se auto crucificando, e tal fato não teve o mesmo desfecho e tão
pouco mereceu espaço na mídia. Parece que a sociedade perdeu o sentido de
indignação.
Mas de volta
ao tema, que é o que nos interessa neste momento, realmente algo deve ser feito
o quanto antes e possível no que diz respeito a ação destes menores infratores no
interior das escolas de Carmo do Paranaíba. Nem todos têm condições de arcar
com uma escola particular, e não pode um trabalhador ir para a labuta com a
preocupação de quais são as companhias de seus filhos na escola.
Por outro
lado, professor nenhum merece o que está passando, pois não foram preparados
para isso. Lugar de aluno é realmente na escola, mas de menor infrator é numa
instituição socioeducativa. Lá sim, tem profissionais preparados para lidar com
este tipo de situação.
É incrível
como o estado fecha os olhos e transfere responsabilidades. Mais incrível ainda
é não ter a humildade em reconhecer que errou, cometeu equívocos em sua
política social. Todos nós, hoje na faixa dos 45, 50 anos, independente da
situação financeira de nossos pais, começamos a trabalhar desde cedo, seja
vendendo picolé, engraxando sapatos, na oficina auto mecânica, na fábrica de
móveis... Tínhamos tempo para estudar, para jogar bola na rua, empinar
papagaio, bolinha de gude e tantas outras coisas. Hoje somos médicos,
dentistas, advogados, professores, promotores, juízes, empresários, produtores
rurais... e o mais importante: somos pessoas do bem, pais de família. Esta
famigerada lei de que menor não pode trabalhar está arruinando a nossa
sociedade, pois não trabalham, não estudam e entram no caminho da
criminalidade, das drogas e sexo cada vez mais cedo. Um modelo que deu errado e
não tem um parlamentar sequer para levantar esta questão. Também se tivesse
sempre haverá meia dúzia de pessoas, minoria, pseudo intelectuais, que fará um
quebra-quebra no congresso nacional e sequer deixaria a lei ser votada.
Infelizmente,
estamos nos tornando um país sem esperança, com a certeza de que o futuro será
ainda pior que o presente.